Homenagem a Nicolau Breyner | 21h30 | RECREIO DOS ARTISTAS
No dia 25 de novembro
O Cine-Clube da Ilha Terceira
presta tributo à memória de Nicolau Breyner, com a exibição de “Os Imortais”,
de António-Pedro Vasconcelos. Nicolau Breyner, ator falecido em março deste
ano, deu corpo e voz a grandes momentos de televisão e de comédia e foi,
também, um dos grandes atores portugueses, desses que marcam uma geração. O
realizador António-Pedro Vasconcelos, que
além de grande cineasta é um excelente comunicador, vai estar em Angra, no
âmbito do Cine Atlântico, pelas 21h30, para homenagear o seu amigo e ator e
para falar d’"Os Imortais".
João Nicolau de
Melo Breyner, ator, realizador, produtor e
argumentista, nasceu a 30 de julho de 1940, em Serpa (Alentejo). Fez
teatro e cinema, mas foi provavelmente pela televisão que mais portugueses o
conheceram. Morreu, em Lisboa, a 14 de
março de 2016. Participou em mais de 50 filmes, que lhe valeram três Globos de Ouro e muitos
outros prémios.
Andou entre a
comédia e o drama, num percurso que, em 2014, em entrevista à “Notícias
Magazine”, considerou como estranho: “Os professores do Conservatório
rotularam-me de ator dramático. Decidi fazer o exame final com uma comédia e,
dois dias depois, o Vasco Morgado quis falar comigo, convidou-me para uma
peça. Fiquei então 20 anos a fazer comédia. Nos anos 1980, surgem as telenovelas
portuguesas e faço um papel dramático. Resultado: fiquei 20 anos a fazer drama.
A partir daí, começou então a dizer-se que sou um grande ator”.
Depois de uma
infância passada no Alentejo, mudou-se para Lisboa, onde começou por estudar
canto na Juventude Musical Portuguesa. Passou pela Faculdade de Direito de
Lisboa, com a ambição de se tornar diplomata. Desistiu e mudou-se então para o Conservatório
Nacional, onde se inscreveu no curso de canto e, mais tarde, no de teatro.
Em 1959, foi
convidado por Francisco Carlos Lopes Ribeiro, o Ribeirinho, seu professor, para
integrar o elenco da peça “Leonor Teles”, de Marcelino Mesquita. Apesar do
pequeno papel, não passou despercebido aos principais produtores de teatro,
tendo-se tornado rapidamente cabeça de cartaz nos teatros de revista do Parque
Mayer, ao lado de atores de comédia como Laura Alves,
Raul Solnado e Eugénio Salvador.
Antes
do 25 de Abril, dedicou-se também ao teatro radiofónico na Emissora Nacional e
ao cinema, tendo participado em filmes como “Pão, Amor e… Totobola” (1964), de Francisco de Castro, “O Diabo Era
Outro” (1969), de Constantino Esteves, e “Malteses,
Burgueses e às Vezes…” (1974), de Artur Semedo.
Em
1975, lançou o seu primeiro programa de televisão, “Nicolau no País das Maravilhas”, pequenos sketchs humorísticos onde satirizava a
situação política e económica de Portugal, que o tornaram uma das figuras mais
marcantes da televisão portuguesa. Ajudou depois a criar a primeira telenovela
nacional, “Vila Faia”, que foi para o ar em 1982, onde dava corpo a uma das
personagens, João Godunha, camionista e ex-pugilista profissional. Em 1984 fundou a própria produtora de
televisão, a NBP Produções.
Em
1999, entrou no filme “Jaime”, de António Pedro
Vasconcelos, e em “Inferno”, de Joaquim Leitão. Em 2003, participou em “Os Imortais”,
também de António Pedro Vasconcelos que disse ter feito “o filme a pensar nele, porque era um ator único”,
“sabe muito bem interpretar todas as emoções (a tristeza, a alegria, a ironia)
e doseá-las para cada cena.”
Para
Nicolau Breyner, a missão do ator é simplesmente a de emocionar as pessoas,
levando-as ao riso ou às lágrimas, fazendo-as sonhar. E foi isso mesmo que ele
fez nos diversos papéis que representou, ele, que se considerava a si próprio
um ator intuitivo e que pelo meio foi também gravando uns discos.
Além das artes,
Nicolau Breyner ainda deu uns passos na política. Em 1995, candidatou-se à
Câmara da sua terra natal, Serpa. E, em 2014, apresentou-se como candidato às
eleições europeias.
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